Este ano o nosso plano de fundo é a Contemplação da Encarnação. Santo Inácio propõe que contemplemos a forma de Deus olhar o mundo, e como, vendo a diversidade de pessoas, o contraste de situações e as desigualdades entre uns e outros, decide fazer algo.
Mas, pode-se fazer alguma coisa diante de um mundo com tantos contrastes, tão complicado? Não seria melhor um plano para otimizar recursos e melhorar as condições das pessoas ou mobilizar os peritos mais capacitados e poderosos para solucionar os problemas da humanidade? O plano de Deus foi outro: aproximar-se radicalmente Ele próprio do mundo. A Santíssima Trindade mandou um dos três, enviou o Filho. Deus quis expor-se (não se impôs) em fragilidade total, quis ser um de nós, revelar como é ser Deus na nossa própria carne, ser Deus connosco, mostrando uma proximidade radical.
Mas isto será suficiente? Não é pouco para tanto sofrimento e injustiça? Talvez os quatro C da nossa ação educativa nos possam ajudar a iluminar a profundidade e a radicalidade deste mistério:
Por isso, acolher-te a Ti é deixar que toda a Tua Consciência, Compaixão, Compromisso e Competência nos transforme. É deixar-nos transformar pelos Teus sentimentos, pelo Teu modo de proceder, pela Tua fé, pela Tua humildade, pela Tua misericórdia, pela Tua proximidade, pelo Teu olhar, pela Tua confiança, pela Tua liberdade ante as coisas e ante as pessoas, pela Tua esperança contra toda a esperança, pelo Teu amor incondicional, pela Tua Vida sem limites... Tudo isto está encarnado em Ti, basta Acolher-TE.
Somos fogos acesos por quem é verdadeiramente a Luz do mundo (Jn 8, 12), por quem deseja inflamar todo este mundo (Lc 12, 49). Um fogo que faz que a nossa humanidade seja a das
pessoas verdadeiramente conscientes, compassivas, comprometidas e competentes. Que se humaniza ao ser acolhedora e hospitaleira. Um fogo que acende outros fogos, e que tem nos nossos colégios evangelizadores um lugar em que pode acolher-se, avivar-se, renovar-se, inflamar-se e difundir-se por todo este mundo amplo, cheio de diversidades e de contrastes.
Na Encarnação brilha com uma luz especial a figura de Maria, a mulher que, na pequenez da sua humildade, soube de verdade acolher-Te, deu-Te hospitalidade no seu seio, e deu à luz o melhor que Deus pôde desejar para o ser humano. Temos nela um modelo, um exemplo e um farol, uma mulher que foi discípula, mãe e mestra.